O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, caracterizou como “boa ideia” um plano para o deslocamento compulsório — isto é, limpeza étnica —, da Faixa de Gaza, durante visita à Casa Branca nesta terça-feira (8).
Em resposta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu cooperação com os países da região para prosseguir com a proposta.
O encontro confirmou que o plano, proposto por Trump em fevereiro, aplicado por Tel Aviv, permanece ativo “sob consideração”.
Diante de perguntas da imprensa, reiterou Netanyahu: “A ideia de evacuação de Gaza é uma boa ideia. Quem quer sair [sic], que saía. Quem quer ficar, fica. Trabalhamos com os Estados Unidos para encontrar países que possam oferecer aos palestinos um futuro melhor e estamos perto de chegar a isso”.
A proposta, porém, equivale a transferência compulsória: crime de genocídio tipificado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, onde Netanyahu é réu por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos em Gaza, sob mandado de prisão emitido em novembro.
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Seus comentários coincidem com relatos de que as autoridades da ocupação israelense buscam confinar a população de Gaza a uma “cidade de tendas” em Rafah, no extremo sul do enclave, na fronteira com o Egito, a ser instalada sob suposto cessar-fogo.
Netanyahu conduziu também reuniões com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, nas quais ambos debateram “maneiras de fortalecer a aliança e abordar os desafios regionais e internacionais”.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 57 mil mortos e dois milhões de desabrigados sob cerco e catástrofe de fome.
Israel retomou ataques intensivos a Gaza em 18 de março, com ao menos 6.780 mortos e 23.916 feridos desde então, ao rescindir unilateralmente um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros firmado em janeiro com o grupo Hamas.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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